Acabo de ler Os livros de Sayuri, da Lúcia Hiratsuka, pela Edições SM...Fazia muito tempo que eu não tinha essa sensação tão gostosa de não querer parar de ler um livro, de sentir o coração disparado e de torcer tanto pela protagonista.
Tudo bem, eu sou suspeita porque minhas raízes de neta de imigrantes já me fazem ter a tendência de me emocionar mais com o assunto... mas não posso deixar de dizer... esse livro é LINDO.
A Lúcia Hiratsuka coletou depoimentos de sua mãe, juntou com suas próprias lembranças de infância rural em comunidade japonesa e criou a história de Sayuri, uma filha de imigrantes japoneses que vivia no Brasil no período da 2ª Guerra Mundial.
Sentir medo o tempo todo, não poder conversar abertamente, estudar às escondidas como se estivesse fazendo algo muito errado, estar sempre à espera por tempos melhores e sonhar com
um fio de esperança muito frágil. Tudo isso contado sob o olhar de uma criança, de maneira muito delicada.As ilustrações da Lúcia (como esta do varal, ao lado) parecem ter saído do coração. São roupas, objetos e comidas que devem alavancar memórias de muitos diitchans e baatchans por aí.
Sabe... Sayuri parece minha mãe, que também guarda ricos detalhes da preciosa experiência de comer o doce mais gostoso do mundo. Ela também me conta de sua infância como se ainda estivesse lá, criança, com todas as perguntas que tinha e que ficaram na memória como eternas questões que ninguém mais teve coragem de comentar.
Apesar de minha mãe ter nascido no ano em que a guerra acabou, ela também viveu o pavor de não poder estudar. E eu, mesmo tão distante dessa época, também guardo comigo emoções que meus pais e avós viveram, como se fosse gene de alma.
(...)
Hora de homenagear meus pais e avós, que estiveram sempre presentes na minha leitura do Os livros de Sayuri...
Estes são meus avós maternos sentados e minha avó paterna em pé. Era meu aniversário de 1 ano e meu avô paterno tinha falecido nesse mesmo ano.
Antes, ele construiu esse escorregador pra mim...
Este é meu pai comigo, na frente da minha jabuticabeira querida. Ele é uma pessoa muito valente e conta que aos 8 anos já fazia bolo assado em lata na fogueira para a família toda.

E esta é a minha mãe, minha Sayuri.

























