Esta foi feita em Kiriê, uma técnica japonesa em que o desenho é cortado com estilete em uma única folha de papel.
Abaixo está um trecho do conto O caminho que não ia a nenhuma parte, de Gianni Rodari, que não deixa a gente desistir de nossos sonhos.
À saída do povoado haviam 3 caminhos: um ia em direção ao mar, o segundo até a cidade e o terceiro não ia a nenhuma parte.
Martim sabia disso porque havia perguntado a quase todos, e todos lhe haviam dado a mesma resposta:
- Aquele caminho? Não vai a nenhuma parte. É inútil ir por aí. (...)
Quando ficou grande o bastante para atravessar a rua sem precisar segurar a mão de seu avô, uma manhã se levantou bem cedo, saiu do povoado e sem titubear foi pelo misterioso caminho, sempre em frente. (...)
Anda que anda, a galeria não acabava nunca, o caminho não terminava nunca. (...)
- Então, você não acreditou?
- Em quê?
- Na história do caminho que não ia a nenhuma parte.
- Era muito estúpida. E pela minha teoria, há mais partes que caminhos.
- Exato, é só ter vontade de andar. Agora venha, vou lhe mostrar o castelo. (...)
Martim deu muitos presentes a todos, amigos e inimigos, e teve que explicar cem vezes a sua aventura, e cada vez que terminava de fazê-lo, alguém corria para casa para pegar uma carroça e um cavalo e tomava o caminho que não ia a nenhuma parte.
Mas naquela mesma noite todos regressaram, um após o outro, com a cara feia de raiva. Para eles, o caminho terminava no meio do bosque, num espesso muro de árvores e num mar de espinhos. Já não havia mais portão de ferro, nem castelo, nem linda dama. Porque alguns tesouros só existem para os primeiros que empreendem um novo caminho, e o primeiro havia sido Martim Cabeça-dura.
El camino que no iba a ninguna parte
Gianni Rodari - Cuentos por teléfono - Editorial Juventud - Barcelona