segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Os livros de Sayuri

Acabo de ler Os livros de Sayuri, da Lúcia Hiratsuka, pela Edições SM...

Fazia muito tempo que eu não tinha essa sensação tão gostosa de não querer parar de ler um livro, de sentir o coração disparado e de torcer tanto pela protagonista.

Tudo bem, eu sou suspeita porque minhas raízes de neta de imigrantes já me fazem ter a tendência de me emocionar mais com o assunto... mas não posso deixar de dizer... esse livro é LINDO.

A Lúcia Hiratsuka coletou depoimentos de sua mãe, juntou com suas próprias lembranças de infância rural em comunidade japonesa e criou a história de Sayuri, uma filha de imigrantes japoneses que vivia no Brasil no período da 2ª Guerra Mundial.

Sentir medo o tempo todo, não poder conversar abertamente, estudar às escondidas como se estivesse fazendo algo muito errado, estar sempre à espera por tempos melhores e sonhar com um fio de esperança muito frágil. Tudo isso contado sob o olhar de uma criança, de maneira muito delicada.

As ilustrações da Lúcia (como esta do varal, ao lado) parecem ter saído do coração. São roupas, objetos e comidas que devem alavancar memórias de muitos diitchans e baatchans por aí.

Sabe... Sayuri parece minha mãe, que também guarda ricos detalhes da preciosa experiência de comer o doce mais gostoso do mundo. Ela também me conta de sua infância como se ainda estivesse lá, criança, com todas as perguntas que tinha e que ficaram na memória como eternas questões que ninguém mais teve coragem de comentar.

Apesar de minha mãe ter nascido no ano em que a guerra acabou, ela também viveu o pavor de não poder estudar. E eu, mesmo tão distante dessa época, também guardo comigo emoções que meus pais e avós viveram, como se fosse gene de alma.

(...)

Hora de homenagear meus pais e avós, que estiveram sempre presentes na minha leitura do Os livros de Sayuri...

Estes são meus avós maternos sentados e minha avó paterna em pé. Era meu aniversário de 1 ano e meu avô paterno tinha falecido nesse mesmo ano.

Antes, ele construiu esse escorregador pra mim...


Este é meu pai comigo, na frente da minha jabuticabeira querida. Ele é uma pessoa muito valente e conta que aos 8 anos já fazia bolo assado em lata na fogueira para a família toda.


E esta é a minha mãe, minha Sayuri.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A verdade sobre Papai Noel

Feliz Natal! :-)
Você se lembra dos presentes que ganhou no Natal quando criança? Tenho imenso carinho por dois deles: o de um ano financeiro difícil e o da descoberta sobre Papai Noel.

O primeiro eu ganhei quando bem pequena. Minha mãe nem gosta de lembrar desse presente que para ela foi muito sofrido, um esforço para não me deixar sem nada no Natal. Ela comprou uma bonequinha de plástico bem baratinha, costurou 2 ou 3 roupinhas de retalhos e colocou dentro de uma caixa de meia. Para ela foi isso, para mim foi uma explosão de amor quando abri a caixa e vi uma filhinha que veio dormindo dentro de sua própria caminha, de pijama, cobertinha, pra acordar no meu colo.

O outro foi a boneca Mãezinha, vedete daquele ano de mil novecentos e oitenta e bolinha. Meu pai estava tão ansioso que ficava falando dela para mim semanas antes do Natal, e eu explicava que não tinha sido esse o meu pedido pro Papai Noel, que insistência! Então uma colega me disse que Papai Noel não existia e fui averiguar com minha mãe. Assim ela me contou que o meu Papai Noel era o meu próprio pai... o que achei ainda mais legal que o velhinho do Pólo Norte!

Tenho a Mãezinha até hoje. Ela me diz que Papai Noel é a personificação do Amor.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

7+7 coisas que me enlouquecem por trabalhar em casa

Trabalhar em casa não é tão romântico quanto parece à primeira vista. Ainda mais quando se mora num lugar com vista pra Marginal Tietê onde não há nenhuma cafeteria onde se possa tomar um expresso depois do almoço.
7 coisas que eu não gosto desta vida solitária de ilustradora que trabalha em casa:
  1. Ler um causo engraçado na internet, olhar pra trás e não encontrar ninguém;
  2. Lembrar que a cama está desarrumada toda vez que passa pelo quarto para ir ao banheiro;
  3. Lembrar que a louça está suja toda vez que vai tomar água;
  4. Ir colocar roupa na máquina enquanto espera o Photoshop abrir;
  5. Almoçar risoto de salsicha com saladinha na frente da TV desligada porque não está passando nada;
  6. Atender ao telefone para dizer que não, não quero a visita grátis de um técnico dos filtros Europa;
  7. Ter que parar uma aquarela no meio pra ir buscar o filho na escola.
Pior para uma ilustradora-solitária-que-trabalha em casa é quando o filho chega em casa, daí outras 7 coisas me enlouquecem:

  1. Conversar animadamente sobre os alienígenas do Ben 10 enquanto organiza a pasta de contabilidade da empresa;
  2. Ouvir um "mãaaaae, já pode limpar meu bumbuuuum" quando está ao telefone com um cliente;
  3. Jogar o pincel encharcado de tinta em cima da mesa (inclinada) porque ouviu um CATAPOF na sala;
  4. Empurrar a cadeira para trás, esbarrar em algo e ouvir "I am Buzzlightyear. I´m coming in peace.";
  5. Parar de desenhar na hora que mais está rendendo para ir fazer a janta;
  6. Voltar para o escritório depois de colocar o filho pra dormir e perceber que não é capaz de fazer mais nada;
  7. Ir dormir com a sensação de que não trabalhou o suficiente, não cuidou da casa o suficiente e não deu atenção ao filho o suficiente.